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Mostrando postagens de janeiro 25, 2008

A música ritual como símbolo

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Eurivaldo S. Ferreira Em se tratando de cantar e tocar uma música ritual, se esta música possui a faculdade de realizar a união de todas as vozes da assembléia, na unidade de uma mesma melodia, esta mesma comunhão sonora de vozes diferentes parecerá aos Padres da Igreja como o símbolo de uma realidade mais profunda [1] . Portanto, para eles, o canto comunitário é a manifestação externa da união dos corações na mútua caridade, é sinal da fraternidade espiritual entre os todos os membros da assembléia, reunida em culto [2] . E acrescentam: o canto enquanto uníssono ainda é um símbolo mais expressivo da unidade espiritual da assembléia litúrgica, cuja imagem retrata o uníssono dos corações [3] . É também São João Crisóstomo que afirma que no canto a uma só voz há uma realidade simbólica da Igreja, que de muitos membros forma um só corpo. Outros Padres foram unânimes em afirmar que o canto ritual, por ser uma atividade agradabilíssima ao homem, exerce um extraordinário serviço à atualizaçã

Símbolos. O que são?

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Eurivaldo S. Ferreira Sabemos que a liturgia se expressa por meio de símbolos, ou ações simbólicas, portanto símbolo ou ação simbólica trata-se de um sinal, ação visível ao nosso corpo, sensível, que quer trazer presente o invisível, sensível ao coração e ao espírito. A justificativa para o uso do símbolo é que ele se apropria de uma linguagem mais completa, ultrapassa e complementa o pensamento racional, porque não toca apenas a nossa inteligência, toca nosso corpo (visão, tato, olfato, audição) e através do corpo a nossa emoção, nosso sentimento, o nosso coração. Deste modo a Sacrosanctum Concílium afirma que a liturgia se expressa por meios de sinais sensíveis [1] . Gestos e palavras, música e silêncio são sinais sensíveis, ou seja: sinais que atingem o corpo, e por meio dos sinais a assembléia reunida entra em relação com o Mistério. Assim, podemos concluir que a liturgia é a expressão visível que simboliza uma realidade invisível. Então, por uma questão de necessidade corpórea, pr

A origem do Ciclo do Natal

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Eurivaldo S. Ferreira Para muitos, é fato realmente estranho começar o ciclo do Natal em pleno mês de dezembro. Marcelo Barros conta num artigo que escreveu sobre um amigo que muito se espantou quando foi à missa no início do Advento e disseram-lhe que naquele dia começava o ano novo na Igreja – era tempo de preparação para o Natal. Ele imaginou que iria participar de uma festa. No lugar disso, viu o altar e o padre vestidos de roxo e escutou o Evangelho do fim do mundo. Ele não entendeu nada. Para os cristãos, a catequese do Natal será melhor compreendida quando encaramos o nascimento de Jesus – 25 de dezembro – não como um fato histórico, mas a partir da compreensão de que ele, sendo o Sol das nossas vidas, toma forma e jeito de criança, se faz homem e visita a terra, que por sua vez está grávida de seu amor e de sua salvação. Já São Leão afirmava no século V que toda celebração litúrgica contém um “mistério”, pois, a partir da memória do que aconteceu, os cristãos são incorporados a

A origem do Domingo: o dia do Sol

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Eurivaldo Silva Ferreira Por iniciativa dos cristãos que começaram a se reunir no domingo, devido ser esse dia em que Jesus ressuscitou, ficou marcado o Domingo como o dia da páscoa semanal. Os evangelhos relatam que Maria Madalena e outras mulheres foram bem cedinho até a sepultura de Jesus, a fim de prepararem seu corpo com perfumes, conforme rezava a tradição. Ocorre que, ao chegarem na sepultura, são surpreendidas, encontram-na vazia, o corpo não estava mais lá. Porém, fora do túmulo, a presença daquele que para elas devia ser o jardineiro a surpreende e este a chama pelo seu nome: Maria Madalena, e ela, chorando, lamenta a retirada do corpo do túmulo (cf. Jo 20,14-17; Mt 28,8-10; Mc 16,8; Lc 24,9-11). É o falar de Jesus ressuscitado que fez com que Maria anunciasse sua ressurreição aos discípulos e avisam: “Vimos o Senhor! Ele está vivo! Ele falou com a gente”. De fato, depois de várias constatações por parte dos discípulos e tempos depois Jesus aparecendo a eles na sala de jantar

Celebrar no tempo específico. Porquê?

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Eurivaldo S. Ferreira Nos primórdios, o tempo era um aliado cuja função era a de recriar a vida. A Bíblia nos fala da presença de Deus atuando no tempo das pessoas, o hoje vivenciando pelas ações divinas de salvação, libertação, condução etc. O tempo nos obriga à concepção do rito, àquilo que volta, que retorna, sempre com um novo sabor, com uma nova pitada de experiência. Para o Concílio Vaticano II, na sua Constituição Conciliar, a liturgia deve ser entendida como o centro do mistério pascal. Em torno deste unem-se catequese e devoção, elementos oriundos da junção entre liturgia, teologia e espiritualidade. Todavia é o ano litúrgico o grande encarregado de introduzir os cristãos a fim de que estes participem plena e frutuosamente do mistério de Cristo, cujo sentido se desenvolve ao longo de um ano. Assim sendo, nos recorda a SC nº 102: Relembrando destarte os Mistérios da Redenção, franqueia aos fiéis riquezas do poder santificador e dos méritos de seu Senhor, de tal sorte que, de al

A Páscoa vem aí

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Passado o tempo da Quaresma comemoramos a Páscoa, isto é, a passagem. A Páscoa é uma festa muita antiga que recorda a passagem de Moisés pelo Mar Vermelho junto com o povo que peregrinou no deserto rumo à terra prometida: Canaã. Por isso os judeus a comemoram até os dias de hoje. Nós, os cristãos, a comemoramos sempre no domingo, dia em que Cristo ressuscitou, pois, Jesus sendo judeu, quis comer a Páscoa com seus amigos, tornando-se ele mesmo a nossa Páscoa definitiva. A festa da ressurreição de Cristo tem início no sábado com a celebração da Vigília Pascal, seguindo um costume da tradição judaica, cujo “dia” começa à tarde (“Houve uma tarde e uma manhã: foi o primeiro dia” – Gen 1,5). Nesta vigília os primeiros cristãos liam passagens importantes do Antigo e do Novo Testamento, incluindo o relato da paixão e morte de Cristo e, no fim, o relato da ressurreição. A vigília terminava na madrugada do sábado para o domingo, pois, segundo os evangelhos, foi de madrugada que Cristo ressuscito