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Mostrando postagens de janeiro 26, 2008

AS FONTES BÍBLICO-PATRÍSTICAS DA MÚSICA LITÚRGICA

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por António José Ferreira Na Igreja Católica, o regresso proposto pelo II Concílio do Vaticano às fontes da teologia e da liturgia, leva-nos a fundamentar, na Bíblia e nos Padres da Igreja, a utilização litúrgica da música. Muitas vezes foram citados convites bíblicos ao canto nos padres da Igreja e no magistério ( 1 ) e, desde o início, a liturgia recorre aos salmos, a hinos e cânticos da Escritura. O saltério, os hinos primitivos e a ótica patrística da música na liturgia ajudam a responder a esta questão: o que é a música litúrgica? 1. PRIMEIRO TESTAMENTO: O SALTÉRIO As mais de seiscentas referências musicais ( 2 ) que podemos contar em toda a Bíblia, geralmente do culto pós-exílico em que se distingue o culto no templo e o culto sinagogal, refletem uma vasta gama de situações e sentimentos: derrota e vitória, o amor e o sofrimento, a tristeza e a alegria da vida quotidiana, ensino e festa. A música reflete o diálogo de Deus com o homem, na Palavra e na resposta. Nela se encontram o

A música ritual como linguagem

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Eurivaldo S. Ferreira Pesquisando “O Mistério celebrado: memória e compromisso” [1] , encontramos a seguinte citação de Ione Buyst em relação ao canto ritual: Ao mesmo tempo, terá que ser um canto que leve em conta o chão da vida dos pobres, e que seja expressa na cultura musical da comunidade celebrante, para que possa participar de verdade. De fato, cada comunidade (celebrante) tem sua fisionomia; cada grupo de pessoas tem suas características, dependendo de sua etnia, cultura, idade, condição social, nível de aprofundamento na fé. A partir disso é importante pensarmos sobre a destinação e a forma que nossa música ritual irá tomar. Primeiramente, devemos compreender a dimensão da música e do canto ritual. Não se trata mais de uma simples música sacra, contendo apenas elementos da piedade popular e do conhecimento religioso de alguns quantos que se propõem a compor. A música ritual exigida na liturgia é aquela que, ou cantem os próprios textos da liturgia, ou acompanhem os vár

Música brasileira na liturgia

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Eurivaldo Silva Ferreira Para Dottori [1] , vale a pena lembrar que a música só pode ser considerada uma linguagem se desconsiderarmos a semântica. Semântica é o estudo das palavras ou translações sofridas, no tempo e no espaço, pela significação das palavras, ou ainda o estudo da relação de significados nos signos e da representação do sentido dos enunciados [2] . A questão da semântica na música brasileira foi muito controversa. Para alguns, isso era norma, entretanto para outros, o que valia era o enveredamento para a música européia, isto é, sem signos, apenas com a presença de audição rebuscada sem tradição cultural. No Brasil, essa música com caráter cultural, passou a ganhar um espaço maior. Mario de Andrade foi seu maior representante, seguido de Villa-Lobos, cuja influência marcaram suas composições. Foi o chamado período Nacionalista ou simplesmente Nacionalismo. Em se tratando das inúmeras discussões decorridas da música nacionalista, com seus caracteres absolutamente arraig

Música ritual no Tempo do Advento

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Eurivaldo S. Ferreira A dimensão da piedosa e alegre espera nos sugere um canto [1] 1. Ó vem, ó vem, Emanuel! És a esperança de Israel! Promessa de libertação, Vem nos trazer a salvação! Dai glória a Deus, louvai, povo fiel, virá em breve, o Emanuel. 2. Ó vem aqui nos animar, as nossas vidas despertar, dispersas as sombras do temor, vem pra teu povo, ó Salvador! 3. Ó vem, Rebento de Jessé, e aos filhos teus renova a fé, que possa o mal dominar e sobre a morte triunfar! 4. Vem, esperança das nações, habita em nossos corações, toda discórdia se desfaz, Tu és, Senhor, o rei da paz! O “Ó Vem, Emanuel!”, que ressoa no canto de abertura dos domingos do tempo do Advento, tem íntima ligação com o cântico de Miriam ou de Moisés, depois da passagem do Mar dos Juncos (Ex 15). O seu completar dá-se somente no Apocalipse, com o Canto do Cordeiro (Ap 15,2-4). Os Padres da Igreja deram uma importante interpretação para estas duas passagens, as quais traduzem como “cântico novo”, a expressão da manif