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Mostrando postagens de março, 2014

Para viver bem a Quaresma

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Eurivaldo Silva Ferreira Para viver bem a Quaresma no âmbito comunitário ou pessoal, enumero algumas sugestões, mas o/a leitor/a pode acrescentar outras, de acordo com sua possibilidade, abertura e condições: ·          Acolher nas liturgias, especialmente no tempo quaresmal e pascal, os que querem se aproximar do sacramento da Penitência, reconhecendo neles os verdadeiros necessitados de conversão, assim, os pressupostos teológicos da fé podem se unir à dinâmica do crescimento  da experiência cristã. Estes não podem estar separados daquele. O segundo não pode suplantar o primeiro. Trata-se de dois aspe ctos complementares da atividade santificadora da Igreja. Ao caminho e maturidade da fé, corresponde o caminho e maturidade do rito. A fé se exprime no rito e o rito reforça e fortifica a fé. A norma da oração é a norma da fé e vice-versa. ·         Usar atitudes inclusivas e não separatistas. Promover o dinamismo do ano litúrgico na vida da comunidade, permitindo que se viva c

O tempo da Quaresma e sua evolução histórica

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Eurivaldo Silva Ferreira [1]             A Quaresma se desenvolve somente no século IV. Já no século III se faziam os batismos na vigília pascal, desde então, antes da realização dos batizados, surge um tempo mais intensivo de preparação dos catecúmenos, assim como nasce com ela um motivo de preparação dos penitentes que haviam ‘relaxado’ no caminho de batizados, a fim de que voltassem à fonte do batismo. É considerada então na liturgia como um tempo intenso de preparação para a festa da páscoa do Senhor.             O retorno dos penitentes à assembleia litúrgica, depois de um longo período, era como que a prefiguração dos resgatados, considerados como ressuscitados de entre os mortos [2] .             O papa Leão Magno, em seus Sermões sobre a Quaresma destaca algumas características deste tempo: é um tempo em que se comemoram de modo especial os mistérios da redenção humana pela páscoa, por isso devemos nos preparar com a maior diligência por meio da purificação espirit

Jejum e oração durante o tempo quaresmal: intuição pedagógica-espiritual acentuada nas atitudes do corpo e do espírito

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Eurivaldo Silva Ferreira [1]                         A Igreja nunca deixou de recomendar aos fiéis algumas práticas específicas dos tempos litúrgicos, pois, “segundo as instituições tradicionais, ela [a Igreja] aperfeiçoa a formação dos fiéis por piedosos exercícios da alma e do corpo, pela instrução, pela oração e pelas obras de penitência e misericórdia” (Sacrosanctum Concilium, 105). A reforma conciliar considerou que o próprio “Ano Litúrgico, principalmente pelo mistério pascal, alimenta devidamente a piedade dos fiéis” (SC, 107), conforme estes vão participando das celebrações ao longo de seu percurso.             Dentre essas ‘práticas específicas’ e ‘obras de penitência e misericórdia’ citadas pelo Concílio Vaticano II, queremos dar destaque àquelas que aparecem no tempo da Quaresma, entendidas como: o jejum, a oração e a caridade. Encontramos na riqueza da Tradição da Igreja uma diversidade de recomendação quanto a essas práticas quaresmais, sobretudo vividas em contin

A Quaresma como tempo de exercício de renúncia ao mal

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Eurivaldo Silva Ferreira              Se o rito da imposição das cinzas nos convidou ao caminho da conscientização da fragilidade do ser humano, o tempo da Quaresma vai, de domingo a domingo, fazendo esta lembrança e nos colocando em outro patamar, no patamar de que com a oração da Igreja nós conseguimos trilhar esse itinerário.             Na tradição romana a Quaresma é marcada pelo constante exercício da reconciliação com Deus. Este conceito está presente na introdução do rito da Renovação das Promessas do Batismo na Vigília Pascal [1] , quando diz: Meus irmãos e minhas irmãs, pelo mistério pascal fomos no batismo sepultados com Cristo para vivermos com ele uma vida nova. Por isso, terminados os exercícios da Quaresma, renovemos as promessas do nosso batismo, pelas quais já renunciamos a Satanás e suas obras, e prometemos servir a Deus na Santa Igreja Católica.             A oração espera que os exercícios da Quaresma tenham sido vividos na linha da reconciliação e da p

A evolução histórica do itinerário do Ciclo Pascal

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Eurivaldo Silva Ferreira [1] “Se há uma liturgia que deveria encontrar-nos todos juntos, atentos, solícitos e unidos para uma participação plena, digna, piedosa e amorosa, esta é a liturgia da grande semana. Por um motivo claro e profundo: o Mistério Pascal, que encontra na Semana Santa a sua mais alta e comovida celebração, não é simplesmente um momento do Ano Litúrgico: ele é a fonte de todas as outras celebrações do próprio Ano Litúrgico, porque todas se referem ao mistério da nossa redenção, isto é, ao Mistério Pascal” (Paulo VI, papa).             O desenvolvimento da festa anual da Páscoa tem suas raízes nas comunidades do século II [2] , que, a partir das palavras de Paulo trataram de acrescentar ritos próprios a uma festa que teve sua origem no judaísmo [3] . O que era então celebrado a cada domingo, passou a ser lembrado também anualmente, a exemplo dos judeus, numa ocasião solene, como sendo um domingo maior. Em torno disso se desenvolvem o tríduo e os 50 dias da

O rito da imposição das cinzas: uma ação gestual como caminho pedagógico da fé

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A imagem do Filho Pródigo, de He Qi, artista chinês, é a que uso para ilustrar meu artigo, reportando o retorno à condição batismal, o seio do Pai, imagens tão propícias do tempo quaresmal. Eurivaldo Silva Ferreira [1] Introdução e contexto histórico do rito                No início da Quaresma, o símbolo das cinzas, imposto em nossas cabeças numa ação ritual, lembra-nos da caducidade da vida humana (somos pó e ao pó retornaremos).             A oração que invoca a bênção de Deus sobre as cinzas lembra aquele antigo sinal dos penitentes: cobrir-se de cinzas enquanto permaneciam ‘afastados’ da comunidade: Ó Deus, que vos deixais comover pelos que se humilham e vos reconciliais com os que reparam suas faltas, ouvi como um pai as nossas súplicas. Derramai a graça da vossa bênção sobre os fiéis que vão receber estas cinzas, para que, prosseguindo na observância da Quaresma, possam celebrar de coração purificado o mistério do vosso Filho. Por Cristo, nosso Senhor. Amém [2] .